FRANCISCA SEGUNDA DE
OLIVEIRA, conhecida popularmente pela alcunha de ‘BEMBEM”, nasceu na
povoação de Malhada Vermelha, município de Severiano Melo, em 27 de maio de
1917, filha de Joaquim Celino de 0liveira, natural de Apodi, nascido a 28 de
outubro de 1881 e falecido em 3 de novembro de 1947, filho de Sebastião Celino
de 0liveira Pinto Filho, este fundador da povoação de Malhada Vermelha, no ano
de 1888 , filho do capitão e deputado provincial Sebastião Celino de 0liveira Pinto
(1819 – 1901) e de Josephina Zenóbia de 0liveira; e de Maria Gomes de 0liveira,
natural de Apodi, nascida em 9 de junho de 1875 e falecida em 10 de maio de
1964, filha de Joaquim Bezerra de Menezes e de Ana Gomes de 0liveira.
O grande amor de Bembem
pela leitura e pela escrita fazem dela a figura mais carismática da comunidade
de Malhada Vermelha. Com quase 90 anos de idade, a senhora de cabelos brancos e
agilidade indescritível com uma caneta na mão e uma folha em branco, passa a
maior parte
do
dia debruçada sobre os livros ou redigindo poesias, que retratam seu amor por
sua terra natal e pelas divindades da religião católica.
A professora mais
antiga de Malhada Vermelha e responsável pelo ensinamento das primeiras letras
da maioria dos habitantes da comunidade. Foi por vários anos diretora da Escola
Estadual de Malhada Vermelha, criada em 1928, a qual foi uma das primeiras
alunas desse estabelecimento de ensino, quando tinha a idade de 11 anos, em
1928, a qual já deveria ter sido homenageada em vida, dando o seu nome como
patrona dessa escola – ESCOLA ESTADUAL FRANCISCA SEGUNDA DE 0LIVEIRA. Falando
nisso... no ano de 1975, o saudoso vereador Antonio da Rocha Filho requereu que
aquela escola fosse denominada de FRANCISCA SEGUNDA. Porém, os vereadores
na época não foram a favor dessa maravilhosa idéia do edil Antonio Rocha.
Dona Bembem é autora do
Hino da Malhada Vermelha, como também da bandeira. Como a mesma costuma se
referir ao hino que verificou para homenagear sua terra querida, fundada por
seu avô Sebastião Celino de 0liveira Pinto Filho. “Eu nasci e me criei aqui,
mas desde criança teve essa fome de leitura, que com o passar dos anos foi
aumentando e passando a fazer versos e composições.
Eis o teor do Hino de
Malhada Vermelha
‘MALHADA VERMELHA’, o teu nome
Rebrilhando na pedra rubis
E radiando do fulgor do sete solo
E pérola teu solo bendito
O céu azul nos cobre
No teu emblema rebrilha o cruzeiro
Recebe ó malhada adorada do teu povo
Este marco de estrela
No Brasil é a estrela que brilha
Lá no céu com muito fulgor
No teu solo bendito se esgota
Do Rio Grande do Norte.
Malhada Vermelha, o teu nome
Par sempre em memória ficou
É tão lindo, Malhada Vermelha o teu nome
Foi o gado que malhado deixou
A cor vermelha é teu solo
Adorado de um povo feliz
Coração palpita de amor
Do Brasil de astro de granito.
A escola bem diz seu nome
Refletindo a luz do saber
Implantando na inteligência, a Ciência
Do bem do dever.
Apesar de não possuir formação
pedagógica, Dona Bembem passou a maior parte de sua vida ensinando o que
aprendeu
com
a professora Elisa Bezerra de Menezes, filha de Adrião Bezerra de Menezes, no
final da década de 20, do século XX foi responsável por sua formação na Escola
Isolada de Malhada Vermelha, criada em 1928. Ela estudou seis anos, tempo
suficiente para despertar o grande prazer pelos livros. Isso porque a professora
Elisa Menezes era muito boa no que fazia, revela a professora e poetisa.
Dona Bembem iniciou sua
carreira como professora no ano de 1937, com 20 anos de idade, na Escola de
Malhada Vermelha, à época situada no município de Apodi, e lecionou até os 55
anos, quando foi aposentada em virtude de ter perdido quase
totalmente a visão, em conseqüência de catarata. Segundo ela, foi o período
mais difícil de sua vida, tendo em vista que ficou 10 anos sem leitura e a
escrita. Foi muito difícil, porque não podia fazer o que mais gostava, mas
depois de muita fé em Deus, resolvi realizar a operação e voltei a ter a visão
total, revela.
A partir da recuperação
da visão, Dona Bembem voltou aos livros e a composição de seus versos. 0s
versos da poetisa são formulados com temas religiosos e líricos. Em todos os
festejos religiosos e acontecimentos importantes em Malhada Vermelha, ela
sempre é convocada para compor o tema de abertura dos eventos, como aconteceu
no dia 25 de novembro de 2002, por ocasião da inauguração da Rádio Comunitária
de Malhada Vermelha, a FM Alto 0este (97,8 MHz).
Dona Bembém sempre foi
dedicada às letras, tendo jamais casado. Por isso, passou a criar filhos de
suas irmãs e manteve dois filhos, que hoje são seus únicos familiares direto
ainda vivo. Sua vida sempre foi dedicada aos outros, tanto na leitura e a reza.
Ela passa o dia recebendo as pessoas para ensinar alguma coisa, seja lendo ou
escrevendo.
Uma das marcas
registradas da sábia poetisa Francisca Segunda. está também, na composição de
homenagem para pessoas que vêm a falecer em Malhada Vermelha e região.
No entanto, seus versos são sempre
recheados de declarações de amor à terra em que sempre viveu durante sua
existência. Além, da poesia, ela também é constante a sua devoção e amor ao
catolicismo. “A hóstia santa que foi para você o alimento”. Que seja
para nós também o “sustento”.
Dona Bembém é autora de várias poesias
belíssimas. Abaixo transcreveremos um de seus belos sonetos:
PRAIA
Na onda da praia
Cobrindo de espuma
O rastro que pisa
Na areia desmancha
Tem cheiro do mar
Que inebria o sorriso
o banhista que gosta
Do rumor marulhante
Quem vem lá do mar
Na areia se amansa
E beija leve
O rumor se desliza
Na brancura da areia
Que tem sal na espuma
No clarão do luar
Reflete pureza
Lá no céu, das estrelas
Que a água retrata
Faz o gozo da praia
Tem conchas na areia
Que Deus fez tudo
Fez terra, e fez mar
Nos búzios da praia
0 poeta fazem versos
Que encanta o poema
Na beleza do mar
Que na areia fez praia
Pra seu povo banhar
Pra saúde lhe dar
Na bonança do mar...
FONTE: Depoimento de Dona Bembém a este
pesquisador e de uma reportagem no jornal Gazeta do 0este, do dia 8 de dezembro
de 2002. Ela faleceu em 5 de março de 2009
FOTO - BLOG TUDO DE SEVERIANO MELO
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